Grande Ágatha. A criatura que
cativou a criança que gostava, e ainda gosta, da coisa alegre, saltitante, e
com vontade de exibir sua brancura e focinho curto. O tempo passou pra ela
também.
A vida corre, os tempos mudam,
algumas pessoas e bichos se vão, outros ficam na matéria, e se não, pra sempre
na mente. Assim se vai a pequena, sem
fazer barulho, sem mostrar para aqueles que a cercam sua dor de cachorrinha,
que sai de perto pra morrer sozinha, assim se vai mais uma companheira nossa,
aquela que me assistiu crescer e deixando, aos poucos, de lhe jogar a bolinha,
aquela que assistiu festas e tragédias, passeios de carro com a cara na janela,
banhos de mangueira em dias quentes e chineladas na bunda por aprontar uma aqui
e outra alí. Assim conseguimos ver sua hora chegar, os benefícios de sua boa
companhia, seus olhos já desbotados se fecharem e é com dor que não quero mais
olhar pro seu cantinho.
Entender que a vida é dura e é
algo que não dura, não para sempre pelo menos, não é fácil, compreender que
apesar do espaço vazio que fica agora, a nossa cachorrinha iluminou caminhos,
preencheu solidões nossas e deu continuidade àquela inocência no olhar que só
ela sabia ter, de quando ela era apenas a nossa filhote, e hoje, brilha na
saudade, e sobe aos poucos ao céu virando uma
estrela alegre. Sentiremos toda falta, fofucha.